Uma imagem vale mais do que mil palavras…

Retirado de http://www.facebook.com/#!/photo.php?fbid=136822413103424&set=a.112890558829943.12992.100003269988452&type=1&theater

A pólis não é para os pobres!

               “Não é pela razão, é pelo sofrimento.” Assim o Coordenador de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania, Luiz Alberto Chaves de Oliveira, considera possível a resolução do problema que assola a Cracolândia há décadas.
               Aparentemente, os governos municipal e estadual consideram a problemática do crack como algo puramente criminal; como um bando de marginais de caráter frouxo que se rendem ao uso de entorpecentes. O problema da droga só pode ser o usuário.Baseando-se nisso, utilizam-se da opressão e da violência para afugentar os marginalizados do local.
              Ao analisar o processo de “revitalização” do centro de São Paulo não se nota qualquer preocupação ou avaliação do elemento sociológico que compõe a vida da população de rua da cidade. Mais do que isso, evidencia-se o total descaso com esses indivíduos, que, há muito tempo, foram renegados pelo maquinário elitista que domina a cena política do estado desde a década de 90, coincidentemente, o teórico início da colonização daquela área pelos usuários.
               Enquanto Benito Kassab e Adolf Alckmin se vangloriam da melhora ilusória da imagem da região central da cidade, percebe-se que o custo para isso foi a limpeza da população, via bancos anti-mendigos, cassetete, camburão, sob a alcunha de revitalização. A democracia cristã brasileira ignorou, mais uma vez, os direitos daqueles cidadãos, afinal a pólis não é para os pobres.
               Mas o que mais impressiona em tudo isso é a afonia popular e da imprensa. Talvez considerem que a cidadania não passa a noite ao relento no centro da cidade, não passa fome todo dia e não vê o crack como alternativa para abreviar a dor de sua existência. Torçamos todos, então, para que não queiram “revitalizar” nosso bairro, nossa quadra, pois pode ser que nesse momento também não tenhamos uma voz para nos defender.

Inaugurando 2012

Como diria Vandré: Pra não dizer que não postei no blog…

Segue a inauguração do espaço!

CAATINGA

A vós entrego aurora;
em tudo insuflo ardor.
Logo alumbro as trevas
e vos retiro o temor.

Lá porto minha coroa,
feita de puro calor.
E, com cálido reinado,
à existência dou verdor.

Cá seu manto faz sentir,
com o solo a se abrir
e pessoas a partir.

Teu cetro cheio de luz
para longe nos conduz,
pois árido tudo reduz.

Enquanto isso, tudo continua na mesma: o de cima sobe e o de baixo desce!

Acabei de ler uma crítica do professor Boaventura de Sousa Santos, da Universidade de Coimbra, sobre a crise em Portugal e como o sistema capitalista relaciona-se com a atual conjuntura (mesma postura de sempre). Em resumo: o topo da pirâmide (que não é o Estado, penso que este é apenas instrumento) continua no poder e brincando com as vidas alheias, para desfrutar de seu iate em Monaco, sua casa de veraneio em algum ilha do pacífico e por ai vai!

Segue o link: colunaMostrar.cfm?coluna_id=5256

E com essa história de abutres (urubus), só pude me lembrar de Chico Science e Nação Zumbi!

Maio 1968 ~ Outubro/Novembro/… 2011

Qualquer semelhança, não é mera coincidência!

Educação, um conceito multifacetado – Máscara da cultura

Aproveitaremos a forte onda de críticas, debates e discussões, que surgiram em nossa sociedade (seja pelos movimentos dos 99%, ocupações por todo mundo, inclusive Reitoria e Harvard, a reação da mídia e cidadãos) para propor uma leitura sobre nosso papel com a Educação e Sociedade.

Como proposto no título, a Educação é multifacetada, a possuir diversos prismas, conexos e que se relacionam completamente. Primeiramente, analisaremos-a sobre a face da cultura.

Cada sociedade possuí uma característica cultural, isto se deve ao fato delas possuírem estruturas distintas e específicas, qualquer uma é fruto de uma integração social e de experiências adquiridas através da vivência. As diferentes formas de interação dos cidadãos entre si, e da atuação destes com a matéria que os envolve, moldam as sociedades.

Nestes termos, os homens estão sempre em constante atividade, buscando uma existência e uma vivência harmônica e sustentável entre si e o meio, ou pelo menos deveríamos ter isso em consideração. Infelizmente vemos poucas pessoas com este senso.

Estas constantes ações deixam marcas nas sociedades, fixam saberes e descobrimentos, delineiam-as, a fazer com que sejam distintas e tenham suas próprias características, valores, bens e linguagem. Tais peculiaridades de interação com o mundo nada mais são do que a cultura propriamente dita. Como expõe Terezinha Rios, “Cultura é, na verdade, tudo o que resulta da interferência dos homens no mundo que os cerca e do qual fazem parte”[1]

Assim, as sociedades caminham no tempo deixando seu legado, e este é a identidade cultural de cada uma delas. Pouco a pouco elas deixam evidenciada na história a postura adotada em sua relação com o mundo em cada momento.

A nós cidadãos, atores diretos desta caminhada, resta notarmos que nossas atitudes nunca passam despercebidas, somos nós que integramos e formamos a sociedade, portanto cada pessoa ao agir, para um propósito bom ou ruim, ou, simplesmente, deixar de agir, contribuirá com a história de sua sociedade e a sua.

Portanto, devemos desenvolver a capacidade para enxergar criticamente o presente para, com sabedoria, escolhermos o rumo a seguir, modificando e construindo futuros legados. Sem deixarmos esquecer que as atitudes do presente representam uma marca que escreverá o passado e norteará o futuro.

Marilena Chauí observa tal movimento transformativo da sociedade e explicita:

Em sentido amplo, toda sociedade, por ser sociedade, é histórica: possui data própria, instituições próprias e precondições específicas, nasce, vive e perece, transforma-se internamente.[2]

Assim, são os seres humanos que criaram as datas, instituições, que vivem e fazem a história, logo somos quem formamos a cultura, e esta é dinâmica, cada sociedade possui seu modo de conviver e adequar-se, portanto cada qual possuirá sua história, mas todas devem ter em mente uma vida digna e livre para todos seus cidadão.

Podemos dizer que desde nossos primeiros dias de vida somos influenciados pela cultura de nossa sociedade e o legado deixado por quem nos sucedeu e por nós mesmos, o mestre Edgar Morin diz que, “Desde a nascença, todo indivíduo começa a receber a herança cultural, que assegura a sua formação, a sua orientação, o seu desenvolvimento de ser social”[3].

Apesar de uma sociedade não ser igual à outra, todas elas utilizam-se do método mais eficaz para comunicarem e proteger a cognição (saber) adquirida, suas instituições, seus valores, seus preceitos, suas datas, seus princípios, sua história ou em uma palavra: sua cultura, e esta prática de transmissão é a chamada educação, quem a pratica é a sociedade (vulgo eu, você, eles, nós!).

Logo, perguntamos nós: que sociedade constrói? Qual a cultura quer marcar em nossa história e deixar de legado? Vamos transformá-la novamente?

Temos por nossa Constituição Federal, que a sociedade será democrática, lastreada sobre os fundamentos da dignidade da pessoa humana e da cidadania. Felizmente e infelizmente, conheçemos poucos que agem sobre estes fundamentos, mas lutamos para que mais pessoas juntem-se a estes.

Vamos dar as mãos, não vamos nos afastar por nossas diferenças, vamos unirmos por elas também, não nos afastemos! Vamos construir, em nosso presente, uma cultura justa, digna e densa, mas que a Educação possa carregá-la e transmiti-la com facilidade para um futuro.


[1] RIOS, Terezinha de Azeredo. Ética e competência. São Paulo: Cortez, 2005, p. 32.

[2] CHAUI, Marilena. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. 11ª ed., São Paulo:Cortez, 2006, p. 26.

[3] MORIN, Edgar. O paradigma perdido: a natureza humana. Tradução: Hermano Neves. 6ª ed. Portugal: Publicações Europa-America, 2000, p. 165.